quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Oficina de Escrita



Era uma vez...
Num país distante, morava uma menina muito feia chamada Cinderela. A rapariga era horrível: tinha os olhos tortos, a cara flácida, tinha duas enormes verrugas no queixo e era gorda, tão gorda que tinha de se pôr de lado e encolher a barriga para poder passar pelo portão da entrada. Cinderela vivia com a sua Madrasta numa enorme e rica mansão, vigiada 24 horas por dia por quarenta guardas e três cães para poder proteger as riquezas da casa e as suas filhas, que eram estrelas Pop com muito sucesso por todo o mundo.
Apesar de toda esta riqueza, a vida da Cinderela era muito triste: tinha de lavar toda a casa, de cima abaixo e ainda fazer as refeições. Houve uma altura em que Cinderela ia apanhando um esgotamento, mas lembrou-se de que só os ricos é que podiam ter doenças nervosas, por isso apenas apanhou uma constipação. Certa altura, há cerca de dois anos, chegara uma carta à imaculadíssima mansão da Madrasta, que dizia:
Caros habitantes do Reino,
Venho por este meio anunciar que irá haver uma festa no Palácio Real, onde terão de participar todas as raparigas do nosso majestoso território. O motivo da festa é escolher a Miss Contos Encantados deste ano. A vencedora poderá ainda casar com o Príncipe do nosso Reino. A festa será amanhã à noite. Volto a referir que por mais feia que seja a senhora, terá de comparecer na festa.
Atenciosamente,
O Secretário Real
Como fora Cinderela a abrir a porta, fora a primeira a ler a carta. Ficou de tal modo contente que uma das suas verrugas desapareceu. Depois, pegou na carta, subiu as escadas e chegou ao quarto da Madrasta. Esta estava a olhar-se ao espelho, como normalmente fazia.
- Senhora – disse Cinderela educadamente – chegou uma carta do Palácio.
Ela entregou-lhe a carta e saiu. Quando ia a chegar ao patamar, ouviu a voz da Madrasta chamá-la.
-Sim, Senhora? - perguntou Cinderela, voltando ao quarto.
- Aonde pensas que vais? - questionou a Madrasta, venenosamente.
- I... ia arranjar-me para a Festa de amanhã.
- Oh! Querida, que pena não poderes ir.
- O quê?! – Cinderela atirou o cabo da vassoura para o chão.
- Tem calma, querida. Só não podes ir porque vais estar demasiado ocupada a tratar de nós. Vamos precisar de várias coisas... - e começou a enumerá-las, mas Cinderela nem a ouvia. Sentia a raiva fervilhar dentro de si.
- Escute, – interrompeu ela – na carta diz que todas as raparigas do Reino...
- Sim, sim. Pois é. Mas, querida, mesmo que fosses não ganharias. Já olhaste para ti?
Cinderela pegou na vassoura e dirigiu-se para o seu quarto.
- Ah! Só mais uma coisa. – Cinderela parou de andar, mas não se virou. - Diz ao narrador para parar de me chamar Madrasta. Não tem estilo! Diz para me tratar por... Britney.
Cinderela foi, finalmente, para o seu quarto. Não queria saber das ordens da Madra... quer dizer, Britney. Iria ao Baile mesmo sem uma Fada Madrinha…e foi mesmo isso que aconteceu…
A noite da Festa chegou. Britney e as suas filhas já tinham partido nas suas limusinas e Cinderela estava no seu quarto, a suspirar, olhando pela janela, vendo o crepúsculo desaparecer e dar lugar à noite de veludo. A certa altura, como se de um raio se tratasse, apareceu uma senhora jovem e esbelta, com óculos no rosto e uma agenda electrónica na mão, estava suspensa no ar por um par de asas.
- Ah! - disse Cinderela – Estava a ver que nunca mais aparecia nenhuma.
- Desculpa, filha! Mas há mais histórias para salvar. - olhou para a agenda. - Despacha-te a dizer o que queres, a seguir tenho de ir fazer crescer o cabelo da Rapunzel.
- Bem, queria poder ir à Festa do Príncipe.
- Ui! Filha, vamos ter de fazer muita coisa…- agarrou no braço de Cinderela e levantaram voo pela janela. - A tua sorte é que a Corporación Dermoestética ainda está aberta.
Quando chegaram à festa havia uma passadeira vermelha desde a entrada do pátio até ao grande salão. Cinderela saiu da limusina e passou, elegantemente, no meio dos flashes. Estava muito bonita. Tudo tinha sido mudado: uma plástica no rosto, retiraram-lhe a gordura, realçaram o peito e pintaram-lhe o cabelo de amarelo dourado. Quando entrou no salão, todos os rostos se viraram para ela, incluindo as suas irmãs que estavam a um canto a conversar com o Elvis Presley. Uma rapariga muito simpática chegou-se ao pé da Cinderela e disse-lhe:
- Olá! Sou a Branca de Neve. Nunca te tinha visto por cá.
- Olá! Sou a Cinderela. Estás doente? É que estás assim... com um ar pálido.
- Olá! - disse outra voz.
Quando Cinderela se virou viu o Príncipe e ficou logo caidinha de amores.
- Queres dançar? - perguntou o rapaz.
Cinderela nem disse nada. Pegou no braço dele, atirou-o para a pista de dança e dançaram toda a noite... Até que o Príncipe lhe perguntou:
- Queres casar comigo?
- Claro! Isso pergunta-se?
Nessa altura, Cinderela sentiu a plástica a saltar do rosto e a gordura a voltar ao seu sítio.
- Venho já, está bem? - e desatou a correr pela cidade fora. - Malditas empresas que prometem beleza eterna. Nunca são de fiar!
O príncipe, esse, nunca mais a viu, pois Cinderela passou alguns anos a vomitar, para ver se conseguia emagrecer.
Quando finalmente se tornou bela, o Príncipe já tinha casado com a Bela Adormecida.
Guilherme Romão 8º B

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sugestão de Leitura


O Planeta Branco

Miguel Sousa Tavares
Ilustrações de Rui Sousa
Capa dura. Oficina do Livro 2005.
87 páginas.

Lydia, Lucas e Baltazar são as três personagens a bordo da nave Ítaca-3000. São, portanto, a tripulação desta nave, que parte do deserto do Sahara, com o objectivo de descobrir água no planeta Orizon S-3. Este nome tem origem no nome do seu descobridor, Óscar Rizón, da Guatemala; como se localizava no terceiro sistema solar, daí S-3.
De ano para ano os cientistas vêm observando que o ciclo da vida natural está alterado, e existem muitos problemas ligados ao meio ambiente que estão a destruir a vida na terra. Assim, é preciso pôr em marcha uma missão de salvamento do planeta Terra – a missão de Ítaca-3000.
Durante dois meses de viagem, os astronautas dedicam-se às missões de rotina e tudo decorre com normalidade. Para mantê-los em contacto com a Terra estavam Marko e Bianca, os dois assistentes do chefe da missão em terra. Marko e Bianca vão-lhes transmitindo informações úteis e distraindo-os, ao mesmo tempo, para que os momentos de tédio sejam ultrapassados.
Porém, na sua trajectória ocorreu um erro de cálculo e o planeta Orizon S-3 não ficava onde os cálculos indicavam. Deste modo, Ítaca, depois de uma grande turbulência, em que os três astronautas pensavam ser o seu fim, foi desviada para o Planeta Branco, onde Lydia, Lucas e Baltazar chegaram inconscientes. Quando acordaram deram-se conta de que, apesar de o relógio indicar que só tinham passado doze horas, os seus físicos tinham a aparência de por eles terem passado trinta anos.
Uma vez desembarcados do planeta, foram recebidos por um senhor de branco, que lhes disse ser aquele o sítio para onde vão os que morrem na terra; no entanto, os que morrem cedo, por acidente, os que foram bons na terra transformam-se em estrelas e estão espalhados pelo universo inteiro. O senhor de branco informou-os de que, ao saberem tudo o que se passa na terra, souberam também que eles se estavam a afastar da sua rota e atraíram-nos para aquele planeta para depois os reencaminharem para a terra, para aí acabarem os seus dias.
Os astronautas foram ainda informados de que a morte não é o fim de tudo, é sim o fim do que se conhece, mas depois iniciamos uma outra etapa da nossa existência, isto é, a morte é só o descanso da vida. Quiseram saber se iriam encontrar o planeta Orizon, se valeria a pena continuarem a sua busca, ao que o senhor de branco lhes retorquiu que não poderia responder a isso. Simplesmente os aconselhou a amarem a terra e a honrarem a vida que receberam, pois são os homens que vivem na terra que têm o dever de a salvar.
Lydia, Lucas e Baltazar regressaram à nave e partiram, notando que, progressivamente, os seus corpos voltavam a ter o aspecto jovem de anteriormente, e não se lembravam do que havia acontecido nas últimas horas. Voltaram a ter contacto com Marko e Bianca e receberam indicações para regressarem para Terra, pois já haviam feito muito pelo seu planeta.

Grupo 410